Ciências Econômicas
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Boletim de Conjuntura Econômica de Goiás – Nº 133/maio de 2021

Atualizada em 28/05/21 18:27.

A taxa de desocupação divulgada para o 1º trimestre foi a maior da série histórica, tanto para o Brasil (14,7%), quanto para Goiás (13,5%).

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) acaba de divulgar as informações do mercado de trabalho, apuradas por sua Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios Contínua – PNAD-C. A taxa de desocupação divulgada para o 1º trimestre de 2021 foi a maior da série histórica do Instituto, iniciada no 1º trimestre de 2012, tanto para o Brasil (14,7%), quanto para Goiás (13,5%). Com isso, o número de pessoas desocupadas no Brasil atualmente é 14,8 milhões e o de Goiás 485 mil. Por sua vez, a massa de rendimentos real habitualmente recebida por pessoas ocupadas (em todos os trabalhos) no país caiu 1,5% em relação ao 4º trimestre de 2019 e 6,7% na comparação com o 1º trimestre de 2020.

Para o Brasil e para Goiás, a menor taxa de desocupação foi registrada no 4º trimestre de 2013. Naquele período, a taxa nacional era 6,2% e a goiana 4,0%. No trimestre seguinte (1ºT de 2014), foi registrada também a menor taxa para os primeiros trimestres da série histórica para cada região (7,2% para o Brasil e 5,7% para Goiás). Alguns profissionais mais qualificados dificilmente estavam disponíveis para trabalhar naquela época. De lá para cá, muita coisa mudou no mercado de trabalho. A crise inaugurada no 1º trimestre de 2015, com a intensificação das instabilidades política e econômica que estavam em vigor no país, fez com que as taxas de desocupação aumentassem continuamente, de trimestre a trimestre, até atingirem 13,7% no Brasil e 12,7% em Goiás o 1º trimestre de 2017. Depois disso, houve alguma melhora desses indicadores, mas o mercado de trabalho ainda continuou com um número elevado de pessoas desocupadas e/ou subocupadas, com muita gente trabalhando menos horas do que gostaria ou na informalidade.

Tudo isso ilustra que o Brasil mergulhou na pandemia da Covid19 já com indicadores muito ruins no mercado de trabalho. No 4º trimestre de 2019, as taxas de desocupação do Brasil e de Goiás eram de 11,0% e 10,4%, respectivamente. No 1º trimestre de 2020, a pandemia atingiu efetivamente apenas parte do mês de março, mas já com reflexos no mercado de trabalho, com a taxa nacional passando para 12,2% e a goiana para 11,3%. Daí para frente, só houve alguma reversão da tendência de alta no 4º trimestre de 2020, muito em razão da sazonalidade inerente ao mercado de trabalho, mas com taxas ainda muito elevadas, de 13,9% para o Brasil e 12,4% para Goiás.

Vale registrar que a evolução do mercado de trabalho do país continua cada vez mais desigual. Neste momento, a taxa de desocupação masculina no país é 12,2% e a feminina 17,9%; para os homens, a diferença entre a taxa de desocupação do 1º trimestre de 2021 e a do 1º trimestre de 2020 é de 1,8 ponto percentual (p.p.), ao passo que, para as mulheres, essa diferença é de 3,4 p.p. Para as pessoas com nível superior completo, a taxa de desocupação é a menor dentre os níveis de instrução (8,3%), sendo a maior registrada para as pessoas com ensino médio incompleto ou equivalente (24,4%); a diferença entre a taxa de desocupação do 1º trimestre de 2021 e a do 1º trimestre de 2020 é de 2,0 p.p. para as primeiras (superior completo) e de 4,0 p.p. para as últimas (ensino médio incompleto ou equivalente). Para a pessoa que se declara preta, a taxa de desemprego no 1º trimestre de 2021 foi de 18,6%, para a parda 16,9% e para a branca 11,9%; as diferenças entre essas taxas e as do 1º trimestre de 2020 são, respectivamente, 3,4 p.p., 2,9 p.p. e 2,1 p.p.

Alguns setores que empregam proporcionalmente mais pessoas com menor nível de instrução e menos qualificadas estão sendo mais atingidos pela pandemia. Em termos percentuais, o setor de alojamento e alimentação foi o que teve a maior redução do número de pessoas ocupadas no país (26,1%), seguido dos outros serviços (18,6%) e dos serviços domésticos (17,3%). Já em termos absolutos, a maior redução foi verificada no setor de comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (com perda de 1,63 milhão de postos de trabalho), vindo antes do setor de alojamento e alimentação (-1,4 milhão) e dos serviços domésticos (-1,0 milhão).

Mesmo que com flexibilização das medidas de distanciamento social, muitas pessoas que ocupam os melhores empregos e, por conseguinte, auferem maior renda, continuam trabalhando em home office, diferentemente das pessoas menos qualificadas. Trata-se de mais um elemento de desigualdade no mercado de trabalho e, além disso, ajuda a explicar as dificuldades de recuperação, por exemplo, do setor de alojamento e alimentação, do setor de comércio e de muitas atividades informais, haja vista a redução da circulação das pessoas mais ricas (e, portanto, com maior capacidade de consumo) nas ruas dos grandes centros urbanos.

Em suma, o mercado de trabalho, que já era desigual, evoluiu para pior durante a pandemia da Covid19, atingindo, sobretudo, as pessoas mais vulneráveis.

Fonte: Economia/FACE

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