Ciências Econômicas
boletim econômico

Boletim de Conjuntura Econômica de Goiás – Nº 134/junho de 2021

Updated at 06/29/21 18:10 .

O crescimento do PIB  no primeiro trimestre de 2021 veio acima do esperado pelos agentes econômicos.

O crescimento de 1,2% do PIB (Produto Interno Bruto) no primeiro trimestre de 2021, em relação os três meses imediatamente anteriores, apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), veio acima do esperado pelos agentes econômicos e, com ele, a economia brasileira voltou ao patamar pré-pandemia (ou seja, do quarto trimestre de 2019). Por sua vez, os últimos dados dos setores de comércio e serviços, divulgados pelo mesmo Instituto, parecem dar força às expectativas de recuperação da economia doméstica neste ano de 2021.

Passados os três primeiros meses do ano, o IBGE apurou o aumento 1,8% das vendas do comércio varejista e de 0,7% do volume de serviços do país em abril/2021, na comparação com o mês imediatamente anterior. Vale ressaltar o crescimento de 9,3% dos serviços prestados às famílias, com destaque para o setor de alojamento e alimentação, cuja elevação foi de 9,8%. Estes resultados surpreendem, sobretudo, porque, mesmo com as flexibilizações das medidas de distanciamento social verificadas em grande parte do país, muitas pessoas ainda não se sentem seguras o bastante para frequentarem bares, restaurantes e hotéis. Muito embora esses movimentos não tenham sido acompanhados pela indústria (que caiu 1,3% em abril/2021), eles não passaram desapercebidos, haja vista que o comércio e os serviços são os setores mais afetados pela pandemia.

Os resultados de Goiás, também relativos ao mês de abril/2021, foram semelhantes aos nacionais. Houve queda da produção industrial e aumento das vendas do comércio varejista e do volume de serviços. O indicador do setor de serviços goiano ficou pari passu com o nacional, com elevação de 0,7%. A principal diferença em relação aos indicadores nacionais, ficou, portanto, por conta da magnitude do aumento das vendas do comércio varejista: enquanto o comércio subiu 1,8% em nível nacional, em Goiás esse indicador foi bem maior, atingindo 6,5%, puxado fundamentalmente pelas vendas de tecidos, vestuário, móveis e eletrodomésticos.

Ao menos até agora, os indícios continuam sendo de recuperação da economia doméstica acima do que era previsto após o início da segunda onda da pandemia da Covid-19. Contudo, permanecem dúvidas acerca da consistência desse processo. A sequência de crescimento de importantes segmentos dos setores de comércio e serviços continua dependendo muito da aceleração do ritmo de vacinação no país, com riscos de recrudescimento da pandemia, notadamente em razão das contaminações com a variante Delta (mutação do vírus da Covid-19 surgida na Índia), a qual especialistas apontam ser mais contagiosa e letal do que as demais. Sem o controle mais efetivo da pandemia, dificilmente se verá a retomada, por exemplo, de espetáculos, shows, cinemas e de outras atividades de entretenimento e lazer, responsáveis pela geração de milhares de empregos pelo país afora.

A isso se soma a inflação, que atingiu 8,06% nos últimos 12 meses, situando-se bem acima da meta superior, de 5,25%, para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA perseguida pelo Banco Central. Além dos motivos que vinham sendo apontados como causa da inflação, como os aumento dos preços das commodities agrícolas e minerais, pressões de custos sobre os bens industriais decorrentes da elevação da taxa de câmbio e dificuldades de normalização da oferta de bens por conta das medidas de distanciamento social adotadas em vários países, na sua última ata, o Comitê de Política Monetária do Banco Central – Copom registrou os riscos de aceleração dos preços internos oriundos de um cenário hídrico adverso, que tem forte impacto sobre as tarifas de energia elétrica no país. Com isso, a taxa básica de juros da economia, Selic, que, até abril/2021, era 2,0% ao ano, já registra 4,25%, após três aumentos consecutivos.

Ao mesmo tempo que melhoram as expectativas sobre o crescimento da economia brasileira, tem tido lugar a deterioração de outras importantes variáveis econômicas, como a inflação e os juros. No último Relatório Focus do Banco Central, a taxa de crescimento do PIB subiu para 5,05%, ante 3,96% registrados nas quatro semanas anteriores, ao tempo em que as estimativas para o IPCA e para a taxa Selic para o final de 2021, que antes eram 5,31% e 5,75%, deram lugar aos patamares de 5,97% e 6,5%, respectivamente.

Inflação e juros altos não são boas combinações para o crescimento da economia. Ambos impactam negativamente o consumo e o investimento produtivo. A inflação corrói o poder de compra da população, reduz o tamanho do mercado consumidor e dificulta o cálculo do retorno dos investimentos de longo prazo. Os juros não só encarecem o crédito destinado ao financiamento do consumo, como também desestimulam os investimentos produtivos, seja pela elevação do custo do capital necessário para financiá-lo, seja pelo aumento do seu custo de oportunidade.

Source: Economia/FACE

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