Ciências Econômicas
boletim econômico

Boletim de Conjuntura Econômica de Goiás – Nº 145/maio de 2022

Updated at 06/03/22 14:11 .

O PIB alcançou R$ 2,249 trilhões no primeiro trimestre de 2022 na comparação com o trimestre imediatamente anterior.

A soma de todos os bens e serviços finais produzidos no território brasileiro, o Produto Interno Bruto – PIB, alcançou R$ 2,249 trilhões no primeiro trimestre de 2022 (1ºT/2022), tal qual aponta o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O indicador cresceu 1,0% na comparação com o trimestre imediatamente anterior, 1,7% em relação ao 1ºT/2021 e avançou 4,7% nos últimos quatro trimestres. No início do ano, se falava até mesmo em crescimento negativo em 2022, mas, aos poucos, as expectativas para o ritmo da economia foram sendo revistas para cima. Com os resultados apresentados pelo IBGE agora, estima-se que o PIB deva ter avanço de cerca de 1,5% neste ano.

Muito embora os dados do PIB não estejam sendo divulgados neste momento em nível de Unidades da Federação, os resultados das pesquisas mensais de comércio e serviços, do próprio IBGE, dão pistas de que a economia goiana também deve ter crescido no 1ºT/2022. As vendas do comércio varejista goiano acumuladas até março/2022 avançaram 1,8% e o volume de serviço do estado cresceu 9,0%, enquanto os indicadores nacionais foram, respectivamente, 1,3% e 9,4% no mesmo período. Ademais, vale destacar que o Estado de Goiás não foi atingido pela estiagem forte que abateu a região Sul do país neste período, afetando fortemente sua produção agrícola.

Do lado da oferta, as exportações foram importantes, mas a principal alavanca do PIB doméstico no 1ºT/2022 foi o setor de serviços, que cresceu 1,0%, em ritmo bem superior ao da indústria (que permaneceu praticamente estável, com aumento de 0,1%) e muito diferente do movimento da agropecuária (que recuou 0,9%). O resultado da indústria foi comprometido pela queda de 3,4% das indústrias extrativas e só não ficou negativo por conta do aumento de 1,4% da indústria de transformação. No caso da agropecuária, seu nível de atividade foi afetado especialmente pela intensidade da seca que atingiu a região Sul do país no período.

O setor de serviços representa cerca de 70,0% do PIB pela ótica da oferta e engloba uma grande gama de atividades, como comércio, transporte, agências de notícias, tecnologia da informação, atividades imobiliárias, administração pública, hotéis, restaurantes, espetáculos, shows e outras atividades de cultura, lazer e entretenimento. Muitas dessas atividades atendem diretamente as famílias e dependem fundamentalmente da presença das pessoas, tendo, portanto, sido beneficiadas pelo fim das medidas de distanciamento social e pelo Auxílio Brasil (instituído no ano passado em substituição ao Bolsa Família), explicando boa parte do avanço de 0,7% das Despesas de Consumo das Famílias – principal componente do PIB pela ótica da demanda.

A despeito dos resultados positivos do PIB do 1ºT/2022, a continuidade do crescimento econômico no restante do ano pode ser restringida por alguns fatores cujos impactos ainda não foram completamente dissipados. Muito embora os últimos dados do mercado de trabalho divulgados pelo IBGE tenham revelado uma importante queda da taxa de desocupação do país, a renda real média do trabalho continua caindo, puxada notadamente pela inflação alta. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) vem girando acima de dois dígitos desde setembro do ano passado e, com isso, a taxa básica de juros da economia continua com perspectiva de alta, embora já tenha atingido 12,75% a.a.

Além de encarecer o crédito e reduzir as Despesas de Consumo das Famílias, os juros mais altos atingem diretamente os investimentos produtivos (compra de máquinas, equipamentos, construção e gastos com pesquisa e desenvolvimento). O indicador do IBGE que reflete isso é a Formação Bruta de Capital Fixo, que caiu 7,2% no 1ºT/2022, depois de ter passado por cinco altas consecutivas. A taxa Selic vem sendo elevada desde março/2021, quando estava em 2,0% a.a. Considerando que há uma defasagem de seis a nove meses de seus efeitos sobre o nível de atividade econômica, uma boa parte do aumento dessa taxa ainda vai afetar os próximos resultados do PIB deste ano.

Quando o PIB aumenta, em geral, vem acompanhado de uma elevação do nível de emprego da mão de obra e da capacidade produtiva das empresas, do crescimento da arrecadação de tributos, da melhora das contas da União, estados e municípios, de uma relação dívida/PIB mais comportada e do aprimoramento de outros indicadores, que podem engendrar uma espiral positiva, elevando o nível de confiança dos agentes econômicos internos e externos. Por isso, seu resultado acaba sendo tão esperado e têm efeitos políticos relevantes a qualquer tempo.

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