Ciências Econômicas
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Boletim de Conjuntura Econômica de Goiás – Nº 153/fevereiro de 2023

Atualizada em 05/03/23 17:02.

O IBGE divulgou os dados da sua Pnad-C, referentes ao último trimestre de 2022. Os resultados indicaram haver continuidade da melhora do mercado de trabalho doméstico.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE divulgou os dados da sua Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Trimestral – Pnad-C, referentes ao último trimestre de 2022. Os resultados indicaram haver continuidade da melhora do mercado de trabalho doméstico, iniciada no 2º T/2022. Naquele momento, a taxa de desocupação do país era de 9,3%, ante os 11,1% registrados no 1º T/2022, passando para 8,7% no 3º T/2022, para fechar o ano em 7,9% no 4º T/2022. Com isso, essa taxa acabou por ficar em 9,5% em 2022, perfazendo o menor patamar para o país desde 2015, quando era 7,6%.

Em Goiás, a dinâmica do mercado de trabalho também apresentou performance melhor em 2022 em relação aos anos anteriores. A taxa de desocupação goiana bateu em 7,1% no ano passado, registrando o melhor resultado desde 2014. Na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, houve redução de 71 mil pessoas desocupadas no estado no 4º T/2022, quando haviam 260 mil pessoas desocupadas, ante as 332 mil computadas no 4º T/2021 (queda de 21,7%). No Brasil, os números do 4º T/2022 e do 4º T/2021 foram, respectivamente, de 8,6 milhões e 12,0 milhões, com queda de 3,4 milhões de pessoas (-28,6%).

Houve também o registro de redução da informalidade da mão de obra entre 2021 e 2022. Essa informalidade é medida pelo IBGE por meio do levantamento do número de pessoas que trabalham sem carteira assinada no setor privado, empregados domésticos, empregadores sem registro no CNPJ, trabalhadores por conta própria sem registro no CNPJ e trabalhadores familiares auxiliares. Em Goiás, o percentual de trabalhadores nessas condições caiu de 40,8%, em 2021, para 38,7%, em 2022. A média nacional, por sua vez, foi reduzida de 40,1% para 39,6%, nesses dois anos. Tendo em conta a redução do emprego informal no Brasil e em Goiás, infere-se rapidamente que a redução da taxa de desocupação nessas duas regiões foi puxada fundamentalmente pelo aumento do emprego formal.

Vale lembrar que, em 2022, ocorreu algo muito relevante para explicar a retomada do emprego, sobretudo no setor de serviços, que representa cerca de 70,0% do PIB (Produto Interno Bruto) e, por conseguinte, emprega muita gente. Trata-se da melhora do quadro pandêmico, especialmente em razão do avanço do processo de vacinação no país. Isso permitiu que houvesse flexibilização das medidas de distanciamento social de forma mais acelerada, viabilizando o retorno dos grandes eventos, do turismo, de atividades esportivas, culturais, etc. Não por acaso, a Pesquisa Mensal de Serviços – PMS, do IBGE, mostrou que o setor de serviços avançou 8,3% no ano passado, com destaque para os serviços prestados às famílias (hotéis, restaurantes, cursos de idiomas, academias de ginástica e salões de beleza, etc.), que aumentaram 24,0%.

 

Outro fator importante para entender o aquecimento do mercado de trabalho se refere aos incentivos fiscais concedidos pelo Governo Federal no ano passado. O pacote de benefícios promulgado pelo Congresso em julho para viabilizar esses incentivos elevou as despesas do Governo Federal em R$ 41,25 bilhões fora do teto de gastos. O Auxílio Brasil (programa de transferência de renda do Ministério da Cidadania) aumentou de R$ 400,00 para R$ 600,00, a partir de agosto/2022, ocorrendo também o incremento no número de famílias beneficiadas pelo programa, que passou de cerca de 18 milhões para mais de 21 milhões. O valor do vale-gás dobrou, uma vez que o Governo passou a pagar 100% do valor da média nacional do botijão de 13 kg, e não mais 50%, como antes. Houve ainda a implementação do auxílio-gasolina para caminhoneiros e taxistas, no valor de R$ 1 mil, pago para cerca de 686 mil profissionais. Some-se a isso tudo, a liberação de aproximadamente R$ 30 bilhões dos recursos do FGTS, feita para as pessoas ativas ou inativas que tinham contas vinculadas desse fundo, então habilitadas a sacar até R$ 1 mil. 

Ocorre que muitas dessas medidas têm efeito temporário e, por conseguinte, não necessariamente vão se repetir. O IBGE divulgou o PIB do país relativo ao ano passado e o resultado veio em mais ou menos em linha com o esperado pelo mercado, com alta de 2,9%. Contudo, os dados mais detalhados mostram que a economia brasileira se desacelerou já no último trimestre de 2022, quando o PIB caiu 0,2% em relação ao terceiro trimestre. Se a desaceleração da economia persistir em 2023, pode haver reversão do processo de recuperação do mercado de trabalho. Precisamos aguardar para saber se esse voo é mesmo de galinha ou de águia.

 

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